22 de dezembro de 2009

A fila e suas idiossincrasias


Passei hoje mais de uma hora na fila do DPF para simplesmente pegar meu passaporte. O que tinha tudo pra ser uma chateação foi na verdade o melhor momento do meu dia. Primeiro quase fui atropelado por uma senhora de meia idade que queria passar na minha frente, com todo respeito, mas com a certeza dos que tem a seu favor a civilidade, pus me à frente e requeri minha senha de direito. Foi motivo pra ela se sentar ao meu lado com a cara amarrada. Minutos vão, minutos vêm e a energia do local cai. Naquela situação já não havia mais birrinha que se sobreposse à sensação de estarmos em desvantagem. Pois bem, conversa vai, conversa vem, iniciada com as reclamações costumeiras e conheci a Srª Wanda, uns cinquenta e poucos anos, com bons motivos para ter tanta pressa e estar tão ansiosa. Ela parte pra Portugal depois de amanhã, num vôo encaixado de última hora e ainda não sabia se teria passaporte. Está indo passar o Natal em Lisboa com uma amiga. Conhecemos também a Márcia, uns 40 e poucos, mexendo em seu novo gadget ultramoderno, essa entrou na conversa como quem não queria nada, já rodou quase o mundo inteiro, mora em Amsterdã a mais de 18 anos trabalhando pra um casal indonésio milionário, deu valiosas dicas à Wanda sobre os portugueses, o clima, o câmbio, etc... inclusive combinaram de que ela lhes venderia alguns euros a um preço mais "amigo". Pena que nada sabia sobre os Emirados Árabes, apenas expressou sua vontade de conhecer Dubai, "aquele lugar maravilhoso". Depois das tantas, mais de hora já se passara, chegou Maria de Lourdes; essa aparentava mais idade, mas não economizava no estilo e na elegância. Ela tem um companheiro italiano e sua vida nos últimos 20 anos foi trafegar entre os dois países separados pelo Atlântico. Conversa vai, vem, ela tem um filho que fez Direito na Católica, assim como eu, e é advogado, me deu o cartão dele, "nunca se sabe quando precisa". Já não tem mais paciência com aeroportos, consulados, passaportes... Essa foi a mais simpática comigo, acho que ficou enternecida com minha ansiedade por estar fazendo a primeira grande viagem. Pois bem, fui o primeiro a ser chamado, procedimento simples e rápido e já estava com o passaporte em mãos. Fui despedir da minha "turma" e todas me desejaram boa viagem, feliz natal e a última disse ainda que, se pudesse, me lavaria à Itália. Como é engraçado uma fila, não? Tantas histórias, tantas vidas, destinos, lugares...basta um resmungo inicial e novas descobertas se desdobram. Por fim, achei uma definição pra fila no Blog Morfino, genial, "A fila é um grupo virtual que tem por objetivo se desfazer o quanto antes. Por mais legais que sejam as pessoas."

6 comentários:

  1. Adorei a definição para fila. É de fato um momento idiossincrático! Não pegou nem orkut dessas senhoras?!

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  2. Elas queriam me mandar um telegrama, não rolou hehe...

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  3. Kkkkkkkkkkkkkk vc conseguiu transformar uma simples fila de espera em uma filosofia rsrs gostei, a unica coisa que não gostei foi o cartão do adv., pois quando precisar é claro que vai pedir socorro a mim ne???? rsrsrs

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  4. Amor, encarei como um contato profissional, talvez um estágio, coisa assim...

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  5. fazendo sucesso com a terceira idade... Já tem até viagem a Itália hein?! haiushaiushaiuh Lembre-se da minha bolsa Prada qdo for por lá. hahaha
    só pra te irritar mesmo com minha adoração pelas bolsas.

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  6. Cadê os posts!?!?!
    nada de férias!

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