Segundo dia

De manh'a fui tomar caf'e da manh'a e eles jah tinham terminado de servir, ainda tava meio perdido. Minha sorte eh que quem estava controlando a porta era o Didi, ele acabou medeixando entrar e tomar algo r'apido. Tinha muita gente chegando ainda e o clima era de cordialidade mas sem muita aproxima'cao. 'E impressionante como o Brasil abre portas e, mais emocionante ainda, sorrisos. Todos identificam o Brasil com alegria e, 'e claro, futebol. Todos, absolutamente todos, citaram futebol, Ronaldo e Ronaldinho sempre que eu me apresentava, perguntavam porque o Ronaldinho n'ao estava na Sele'cao e citavam mais alguns jogadores brasileiros. Fiquei observando a situa'cao das pessoas se agrupando e era interessante ver como o ser humano se comporta em situa'coes como essa, em que tudo 'e desconhecido. Se ninguem se conhece mas esta junto num lugar, teoricamente n'ao haveriam preferencias na hora de se aproximarem e sociabilizarem com os outros. Mas o que eu observei 'e que, por mais desconhecidos que todos fossemos, o agrupamento dos semelhantes eh algo inevit'avel. Os orientais se reuniam entre eles, os africanos tamb'em, os europeus idem e assim por diante. Mas porqu^e deu tempo de eu observar isso tudo? Bem, eh que no grupo dos sul-americanos eu sou o 'unico que n'ao falo espanhol. &^%$$#. Como senti falta de falar a l'ingua de Cervantes... ossos do oficio de quem representa um Pa'is que 'e praticamente um continente sozinho. Mais tarde encontrei, pra meu alento, o Filipe (foto 1), de Mo'cambique, que tamb'em falava portugu^es e 'e muito gente boa, estuda contabilidade em Maputo . Da t'ao falada Comunidade do Escotismo Lus'ofono 'eramos n'os os dois 'unicos representantes. Ainda esperava pela chegada de um portugu"es ou angolano, mas n'ao aconteceu. Sobre os sorrisos que eu falei antes, ningu'em os demonstra de forma t'ao sincera quanto os africanos. Eles fazem uma festa quando se fala em Brasil, pra eles 'e como se fosse um pa'is irm'ao, 'e o elo deles com o mundo. Eles assistem nossas novelas, torcem por nossa Sele'cao e sabem at'e alguns ritmos de m'usica (teve uma hora que peguei um assobiando Aquarela do Brasil). Na hora me acolheram super bem. S'ao muito expansivos, gostam de abra'car, dan'car, e t^em uma alegria contagiante. Outra coisa que me intrigou'foi que muita gente disse ter me achado com cara de brasileiro. Achei engra'cado isso, n'ao sabia que brasileiro tinha "cara", afinal somos fruto de tanta mistura. Bem, seja l'a o que for, descobri que tenho cara d ebrasileiro. Logo depois do almo'co, que pro meu desalento n'ao era comida 'arabe (com tanta gente de tanto lugar diferente eles optaram por uma cozinha internacional, sem excentricidades) aconteceu uma roda de can'coes. Iniciada, 'e claro, pelos africanos... mas da'i todo mundo foi chegando, se aproximando, entrando... at'e que todo mundo tava na roda, cantando e dan'cando. Considero que essa foi a abertura oficial, porque foi o momento em que se desmancharam os grupos e, agora sim, 'eramos todos irm'aos no come'co de uma jornada. Uma m'usica bacana 'e a que os arabes nos ensinaram, do evento: "Diferentes cores, um Encontro, eu sou do (Pa'is), meu amigo 'e do (aponta pra algu'em e esse fala seu pa'is) e assim por diante...". Ainda na saga do chip pro celular, depois de conseguir carregar o bendito, apanhei at'e pra conseguir fazer a chamada internacional com todos os n'umeros e c'odigos certos. S'o consegui com a ajuda do Halid, um 'arabe muito bacana e atencioso comigo(Acho que porqu^e ele j'a confessou que quer vir ao Brasil ano que vem rsrs). Quando consegui, fui informado de que n'ao havia cr'edito. Ele mesmo disse pra eu procurar o homem que me havia vendido pra devolver e tal... acho que ele viu minha cara de des^animo e logo depois recebi uma mensagem me informando que algu'em havia me cedido uns cr'editos. Depois fui atr'as e descobri que tinha sido ele mesmo. Da'i insisti pra resolver a coisa devolvendo o chip e tal... mas ele foi t'ao enf'atico no presente que n'ao tive como recusar. (Aqui eles s'ao assim, fazem de tudo o tempo todo pra nos agradar)."A noite,o acampamento foi dividido em 4 Sub-campos: Intelig"encia, Genialidade, Criatividade e Excel^encia. Estou no Criatividade, na foto mostra toda a equipe. Pra completar a integra'cao tivemos alguns jogos bem ativos e de equipe. N'ao teve o t'ao esperado futebol, mas era s'o a bola cair no ch'ao que todo mundo sa'ia correndo atr'as dela. N'ao h'a como negar, mais do que o ingl^es, 'e o futebol o idioma universal. De repente a bola veio em minha dire'cao, toquei de ombro pro outro rapaz (N'ao vou negar, o lance foi bonito rsrs) mas o engra'cado foi a rea'cao da galera, todos vibraram como se eu tivesse feito um gol importante, todos gritando Ronaldinho, Ronaldo, at'e Bebeto eu ouvi... mas na hora do futebol mesmo, nem sei... vi que os africanos s~ao muito habilidosos. No final de tudo, uma reuni'ao em volta da bandeira onde foram passadas as instru'coes do acampamento. Eles quiseram se mostrar rigorosos quanto aos hor'arios, organiza'cao e tudo mais. O Vasile ficou irritado, alegando ser militarismo demasiado. Eu mesmo achei normal, em Roma fa'ca como os romanos... nada mais justo.  Pra refor'car minha teoria de que eu nasci no fuso hor'ario errado estou sendo o primeiro a acordar todos os dias...